Título: A Vida em Tons de Cinza (Between Shades of Gray)
Autor: Ruta Sepetys
Tradutor:
Páginas: 240
ISBN: 9788580410167
Editora: Arqueiro
O livro fala sobre o que acontece com Lina Vilkas e sua
família após os soviéticos tomarem controle da Lituânia. Sua família, e
incontáveis outras, foram deportadas para Sibéria, onde viviam em campos de
trabalho. Nesses lugares eles são transformados em escravos, trabalham por
longos períodos de tempo em condições quase desumanas e em troca ganham comida
que mal é suficiente para garantir a sobrevivência. E além da luta para
sobreviver eles ainda lutam para manter a esperança.
A Lina é uma personagem bastante forte, antes desse
acontecimentos ela era apenas uma adolescente de 15 anos de uma família rica
com um futuro brilhante pela frente no ramo artístico. Ela perde tudo. Mas ela
continua lutando e acreditando em seus sonhos. Ela é uma artista e mesmo nessa
situação ela não deixa a arte de lado, muito pelo contrário, ela usa a arte
como uma espécie de muleta para ajudar ela a passar por tudo isso. Apesar de
que ela está longe de ser a protagonista perfeita, sim, ela consegue ser bem
irritante as vezes, por ser tão jovem e até aquele momento ter tido uma vida
quase perfeita ela tem uma visão de mundo bem estreita. Gerando momentos de:
Por que, Lina, por que?
O título do livro, a vida em tons de cinza, ficou bem
parecido com o original: entre tons de cinza. O que é uma coisa que eu muito
valorizo em livro, as vezes a história fica muito preto no branco, entende? (o
mundo não é dividido em pessoas boas e comensais da morte, Harry) hahahaha.
Desculpa. O ponto é, precisamos lembrar que as pessoas são tons de cinza (sem
piadinhas com aquele pedaço de merda que as pessoas insistem que é um livro,
por favor) e esse livro traz alguns exemplos disso.
O livro é narrado de uma forma bem interessante. As partes
destinadas a esses horrores que a Lina está passando são intercaladas com
flashbacks. Sempre tem alguma coisa no presente que faz alguma correlação com o
passado feliz. Essa constante antítese deixa bem claro ao leitor tudo que a
nossa protagonista perdeu.
Apesar dos personagens serem fictícios eles representam
coisas que REALMENTE aconteceram. Além de familiares lituânios a autora também
entrevistou vários sobreviventes desses campos de trabalho e inseriu
experiências deles nos livros. Como um personagem especifico bem importante no
final do livro que realmente existiu, deus abençoe essa alma boa. E vários
outros tristes detalhes, várias coisas que a Lina passou foram coisas que
REALMENTE ACONTECERAM com essas pessoas que a autora entrevistou. Tem uma coisa
que a autora falou que eu achei incrível que foi: eu escrevi o livro, mas a
história escreveu a estória.
Eu estava assistindo uma entrevista dela em que ela conta
que originalmente nenhum personagem tinha nome, apenas a protagonista porque
uma coisa que ela notou enquanto conversava com esses sobreviventes foi que
eles geralmente não lembravam os nomes dos outros, mas sempre lembravam uma
característica que os distinguia, como o homem que sempre repetia o que dizia,
por exemplo. Os nomes foram adicionados porque o editor achou que sem eles o
livro ficaria confuso.
O lado político não é muito explorado porque como o livro é
narrado em 1ª pessoa pela Lina e ela não tem muito conhecimento sobre a guerra
isso quase não é citado. Mas se isso é ruim ou bom para o livro depende do
leitor.
Uma coisa que me irritou foi o final. O livro acaba no meio
do nada. E existe um prologo que explica mais ou menos o que aconteceu com os
personagens. Eu gostaria que ao invés da carta no final, que a narrativa
simplesmente pulasse o tempo que precisava e a Lina continuasse narrando o que
aconteceu depois.
Eu adorei a mensagem geral que o livro passa. Já que essa é
um lado da história da 2ª guerra mundial que não é muito conhecido, portanto já
vale a leitura por isso. Basicamente, o livro não é perfeito, mas se você se
interessa pelo tema eu sugiro a leitura. E apesar da densidade do tema o livro
flui muito bem.
Ah, e sim eu também chorei nesse. 2 vezes. Qual meu
problema, senhor?